segunda-feira, 18 de agosto de 2008

As perdas generalizadas das Bolsas européias e americanas deixaram a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) praticamente sem chance de recuperação

Bovespa fecha em queda de 1,69% e acumula perdas de 16,5% em 2008


EPAMINONDAS NETO
da Folha Online

As perdas generalizadas das Bolsas européias e americanas deixaram a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) praticamente sem chance de recuperação na jornada desta segunda-feira. O índice do mercado acionário, que reflete os preços das ações mais negociadas pelos investidores, atingiu o seu menor nível neste ano. Em 2008, a Bolsa já acumula baixa de 16,5%.

O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, sofreu queda de 1,69%, para os 53.326 pontos. Em oito dos 12 dias úteis do mês, a Bolsa fechou com perdas. O giro financeiro foi de R$ 4,52 bilhões.

As ações mais movimentadas da Bolsa, Vale do Rio Doce e Petrobras, tiveram desvalorização de 2,24% e 3,03%, respectivamente.

O mercado continua a se ressentir da ausência do investidor estrangeiro que, num ambiente de incerteza sobre a economia americana e desaceleração do crescimento na Europa, vende ações nas Bolsas de países emergentes. Até o dia 13, o saldo de investimentos estrangeiros está negativo (vendas superiores a compras) em R$ 1,75 bilhão. No ano, o saldo negativo atinge R$ 16,03 bilhões.

"É até possível que a Bolsa recue até os 53.000 mil, 52.900 pontos, mas acho que nesse nível vai ser difícil cair mais. Nessa faixa, já temos níveis bem interessantes. Eu tenho observado já alguns movimentos de compra. É nada com muito afã, mas já têm algumas compras significativas", comenta Fábio Prandini, operador da corretora Elite.

O dólar comercial foi cotado a R$ 1,639 na venda, em leve baixa de 0,06%. A taxa de risco-país marca 243 pontos, com avanço de 3,84%. A moeda americana encerrou o dia cotada em seu valor máximo nos negócios desta segunda-feira. "O mercado já trabalha com o cenário de uma correção do dólar", nota Marcos Trabold, gerente de câmbio da corretora B&T.

Na Europa e nos EUA, ações de bancos prejudicaram as principais Bolsas de Valores. Em Londres, o índice FTSE cedeu 0,08%; o alemão Dax, de Frankfurt, perdeu 0,20%. Em Nova York, o índice Dow Jones retrocedeu 1,55%.

Os mercados repercutiram mal a informação de que o banco americano de investimentos Lehman Brothers deve registrar prejuízo de US$ 1,8 bilhão no terceiro trimestre fiscal (que encerra neste mês), conforme adiantou o diário financeiro "Wall Street Journal". Em junho, o Lehman já havia anunciado uma perda líquida de US$ 2,8 bilhões no segundo trimestre fiscal do ano (de março a maio).

Entre outras notícias, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) revelou que a inflação medida pelo IGP-10 (Índice Geral de Preços - 10) variou 0,38% em agosto, um recuo acentuado em relação ao índice de julho, quando a alta registrada foi de 2%. Analistas do mercado financeiro projetavam variação de 0,40%.

A balança comercial teve superávit de US$ 1,666 bilhão, com média diária US$ 333,2 milhões, na terceira semana do mês. Trata-se do melhor resultado deste ano. No acumulado de 2008, o saldo comercial atinge US$ 16,772 bilhões, com uma média diária de US$ 106,8 milhões, valor 33,6% menor que o registrado no mesmo período de 2007.

O boletim Focus, preparado pelo Banco Central, mostrou que a maioria dos economistas de bancos e corretoras revisou para baixo, pela terceira semana consecutiva, suas estimativas para a inflação em 2008. O IPCA previsto para este ano foi reduzido de 6,45% para 6,44%. A projeção para o IPCA de 2009 foi mantido em 5%.

A anglo-australiana BHP Billiton, a maior mineradora do mundo, informou hoje que teve lucro recorde de US$ 15,39 bilhões num período de 12 meses encerrado em junho, resultado 14,7% superior ao balanço para o mesmo período no ano anterior. O faturamento teve um incremento de 25,3%, para US$ 59,47 bilhões.

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